Vou
falar sobre um livro, que pude ler graças a um pedido de um professor na
faculdade. A resenha que vou apresentar aqui é descontraída, futuramente vou
publicar um resumo antropológico e algumas considerações mais técnicas sobre a
história em outra postagem, pra quem for estudante e estiver lendo a próxima
postagem vai ser mais indicada, mas prometo fazer uma boa resenha de opinião
pessoal e baseada no senso comum, como vai ser essa.
Livros:
O Milagre nos Andes - Nando Parrado, Vince Rause
Sinopse:
Outubro de 1972. O avião Fairchild F-227 da Forças Aéreas Uruguaia, que levava
um time uruguaio de rugby acompanhado de familiares e amigos para um amistoso
no Chile, cai em algum lugar nas profundezas dos Andes. Dos 45 cinco
passageiros a bordo, 29 sobreviveram à queda e apenas 16 são resgatados com
vida naquele que ficou conhecido com um dos mais célebres desastres aéreos da
História.
Em
Milagre nos Andes, o uruguaio Nando Parrado – principal responsável pelo
resgate de seus amigos nas montanhas após 72 dias de agonia – é o primeiro dos
sobreviventes a contar, com extraordinária franqueza e sensibilidade, a sua
própria versão do acidente. O resultado supera o simples relato de uma aventura
real: é um olhar revelador sobre a vida à beira da morte.
Eu
tenho que ser sincera, não tenho o costume de ler histórias que do tipo não
ficção, ainda mais "biografia" sempre gosto de ficção porque posso me
colocar na situação e pensar sobre o que eu faria e nesse caso um dos
sobreviventes da história conta o que ele fez não deixando tanta coisa a
imaginação e essa história por mais que fosse super famosa, com direito a filme
com ator de Hollywood e inspiração para um reality show (Vocês se lembram do No
Limite?), não seria um livro que eu escolheria para ler sem ter tido uma ótima
influência. Geralmente histórias de pessoas que têm um contato enorme com a
natureza, como Na Natureza Selvagem, despertam nas pessoas uma ideia de
heroismo e vontade de largar as coisas materiais, mas na minha opinião pessoal
não me atingem, porque eu acho que tem uma boa dose de loucura e de solidão,
sendo que é algo que não quero viver. Creio que o acontecimento nos Andes deve
ter despertado muitos jovens, para se aventurar, porém nesse ponto eu tenho que
fazer uma ressalva, na situação apresentada pelo livro ninguém, escolheu o que
aconteceu, simplesmente foram obrigados a se adaptar a situação apresentada e o
direito maior das pessoas que é o de viver. Nessa parte acho que Nando Parrado,
jogador de rugby, que acabou se tornando o líder, com uma tomada de decisão
poderosa de sair das montanhas, se destacou, ele mostrou claramente a luta pela
sobrevivência, elevada ao limite, num ponto que ele não poderia chorar pela
morte da mãe e da irmã para não desperdiçar sal do corpo e assim sobreviver. A
realidade nas montanhas é crua, sendo assim eu lembrei das aulas de
determinismo geográfico na escola, a montanha é muito cruel, fria, sem vida, ar
rarefeito e uma tremenda dificuldade então como eles conseguiram sobreviver? O
autor chegou a conclusão dele no final do livro e como participante da situação
quem sou eu para discordar da opinião dele, tenho somente que respeitar e
continuar a leitura sobre a sua ótica.
Fato é
que ocorreu desde o início um grande processo de gestão na comunidade que
eles criaram, no meio das montanhas, com divisão de tarefas para todos cada um
fazendo o que sabia melhor, alguns sem querer agir mas mesmo assim ninguém
querendo mais mortes. Uma situação complicada que mostra o grande instinto de
sobrevivência, alimentação de carne humana dos mortos, é preciso ter estômago
para essa parte pois é uma situação que está muito distante de nós. Contado de forma clara, sobre sabor, como era preparada, as partes do corpo
escolhidas para degustação, e que parece ter gerado uma polêmica enorme na
época, embora eles não foram condenados por tal, e na minha opinião nem
poderiam.
Outro
fato é a questão religiosa, temos todos os tipos apresentados no livro, da
negação de Deus, passando por pessoas que têm fé mas não tem religião (o
personagem Arturo foi descrito de forma sensacional), até os mais religiosos e
o perfil do autor personagem da história, que é um cara que não consegue ver
Deus como divindade, mas como um relação sentimental (AMOR) e que até hoje mantém seu
ceticismo religioso declarado e que por isso é criticado por muitos grupos
religiosos e exaltados por outros.
Gostei
também do final do livro, que mostra a volta dos sobreviventes, e como eles
estão até o ano em que o livro foi escrito (2006), dá pra ver o misto de
emoções e aprendizados gerados pela situação, e funciona como um livro de de
auto-ajuda, que eu super indico para quem curte o gênero.
Sobre
as conclusões do autor do que fez ele conseguir tomar a decisão importante, e
principalmente sobreviver, eu concordo. Mas não consigo deixar de pensar em
situações como o fato de ser atletas, que querendo ou não tem condicionamento
físico muito bom e estavam com um certo sucesso no Uruguai, jovens de família
de classe média para alta, sendo assim pessoas com uma boa alimentação e
qualidade de vida, características físicas que fizesse com que suportassem os
Andes. Além do que no início da história mostra o rugby como disciplina moral,
na vida destes jovens que começaram a prática do esporte no colégio e alguns
dos ensinamentos descritos, como proteção dos colegas que caíram, obstinação
são mostrados claramente no decorrer dos 72 dias na montanha. Também fatores da
personalidade de Nando como o fato de não ter feito muita coisa na vida e o
desejo de conseguir mais e a teimosia do jovem estudante de medicina Roberto
Canessa, participante super importante e companheiro de escalada do autor,
podem ser somadas a opinião do autor, para mostrar porque esses jovens
sobreviveram.
Enfim é
um ótimo livro para reflexão, para auto-ajuda e para compreensão de que a
natureza não é brincadeira. Termino então com uma frase que para mim poderia
ser colocada como a principal do livro: "Todos temos os nossos próprios
Andes".
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