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domingo, 10 de agosto de 2014

O Milagre nos Andes - Nando Parrado

Vou falar sobre um livro, que pude ler graças a um pedido de um professor na faculdade. A resenha que vou apresentar aqui é descontraída, futuramente vou publicar um resumo antropológico e algumas considerações mais técnicas sobre a história em outra postagem, pra quem for estudante e estiver lendo a próxima postagem vai ser mais indicada, mas prometo fazer uma boa resenha de opinião pessoal e baseada no senso comum, como vai ser essa.
Livros: O Milagre nos Andes - Nando Parrado, Vince Rause

Sinopse: Outubro de 1972. O avião Fairchild F-227 da Forças Aéreas Uruguaia, que levava um time uruguaio de rugby acompanhado de familiares e amigos para um amistoso no Chile, cai em algum lugar nas profundezas dos Andes. Dos 45 cinco passageiros a bordo, 29 sobreviveram à queda e apenas 16 são resgatados com vida naquele que ficou conhecido com um dos mais célebres desastres aéreos da História.
 Em Milagre nos Andes, o uruguaio Nando Parrado – principal responsável pelo resgate de seus amigos nas montanhas após 72 dias de agonia – é o primeiro dos sobreviventes a contar, com extraordinária franqueza e sensibilidade, a sua própria versão do acidente. O resultado supera o simples relato de uma aventura real: é um olhar revelador sobre a vida à beira da morte.

Eu tenho que ser sincera, não tenho o costume de ler histórias que do tipo não ficção, ainda mais "biografia" sempre gosto de ficção porque posso me colocar na situação e pensar sobre o que eu faria e nesse caso um dos sobreviventes da história conta o que ele fez não deixando tanta coisa a imaginação e essa história por mais que fosse super famosa, com direito a filme com ator de Hollywood e inspiração para um reality show (Vocês se lembram do No Limite?), não seria um livro que eu escolheria para ler sem ter tido uma ótima influência. Geralmente histórias de pessoas que têm um contato enorme com a natureza, como Na Natureza Selvagem, despertam nas pessoas uma ideia de heroismo e vontade de largar as coisas materiais, mas na minha opinião pessoal não me atingem, porque eu acho que tem uma boa dose de loucura e de solidão, sendo que é algo que não quero viver. Creio que o acontecimento nos Andes deve ter despertado muitos jovens, para se aventurar, porém nesse ponto eu tenho que fazer uma ressalva, na situação apresentada pelo livro ninguém, escolheu o que aconteceu, simplesmente foram obrigados a se adaptar a situação apresentada e o direito maior das pessoas que é o de viver. Nessa parte acho que Nando Parrado, jogador de rugby, que acabou se tornando o líder, com uma tomada de decisão poderosa de sair das montanhas, se destacou, ele mostrou claramente a luta pela sobrevivência, elevada ao limite, num ponto que ele não poderia chorar pela morte da mãe e da irmã para não desperdiçar sal do corpo e assim sobreviver. A realidade nas montanhas é crua, sendo assim eu lembrei das aulas de determinismo geográfico na escola, a montanha é muito cruel, fria, sem vida, ar rarefeito e uma tremenda dificuldade então como eles conseguiram sobreviver? O autor chegou a conclusão dele no final do livro e como participante da situação quem sou eu para discordar da opinião dele, tenho somente que respeitar e continuar a leitura sobre a sua ótica.
Fato é que ocorreu desde o início um grande processo de gestão na comunidade que eles criaram, no meio das montanhas, com divisão de tarefas para todos cada um fazendo o que sabia melhor, alguns sem querer agir mas mesmo assim ninguém querendo mais mortes. Uma situação complicada que mostra o grande instinto de sobrevivência, alimentação de carne humana dos mortos, é preciso ter estômago para essa parte pois é uma situação que está muito distante de nós. Contado de forma clara, sobre sabor, como era preparada, as partes do corpo escolhidas para degustação, e que parece ter gerado uma polêmica enorme na época, embora eles não foram condenados por tal, e na minha opinião nem poderiam.
Outro fato é a questão religiosa, temos todos os tipos apresentados no livro, da negação de Deus, passando por pessoas que têm fé mas não tem religião (o personagem Arturo foi descrito de forma sensacional), até os mais religiosos e o perfil do autor personagem da história, que é um cara que não consegue ver Deus como divindade, mas como um relação sentimental (AMOR) e que até hoje mantém seu ceticismo religioso declarado e que por isso é criticado por muitos grupos religiosos e exaltados por outros.
Gostei também do final do livro, que mostra a volta dos sobreviventes, e como eles estão até o ano em que o livro foi escrito (2006), dá pra ver o misto de emoções e aprendizados gerados pela situação, e funciona como um livro de de auto-ajuda, que eu super indico para quem curte o gênero.
Sobre as conclusões do autor do que fez ele conseguir tomar a decisão importante, e principalmente sobreviver, eu concordo. Mas não consigo deixar de pensar em situações como o fato de ser atletas, que querendo ou não tem condicionamento físico muito bom e estavam com um certo sucesso no Uruguai, jovens de família de classe média para alta, sendo assim pessoas com uma boa alimentação e qualidade de vida, características físicas que fizesse com que suportassem os Andes. Além do que no início da história mostra o rugby como disciplina moral, na vida destes jovens que começaram a prática do esporte no colégio e alguns dos ensinamentos descritos, como proteção dos colegas que caíram, obstinação são mostrados claramente no decorrer dos 72 dias na montanha. Também fatores da personalidade de Nando como o fato de não ter feito muita coisa na vida e o desejo de conseguir mais e a teimosia do jovem estudante de medicina Roberto Canessa, participante super importante e companheiro de escalada do autor, podem ser somadas a opinião do autor, para mostrar porque esses jovens sobreviveram.

Enfim é um ótimo livro para reflexão, para auto-ajuda e para compreensão de que a natureza não é brincadeira. Termino então com uma frase que para mim poderia ser colocada como a principal do livro: "Todos temos os nossos próprios Andes".